Título: A Lista Negra / Autora: Jennifer
Brown / Editora: Gutenberg.
Sinopse: O namorado de Valerie Leftman, Nick Levil, abriu
fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Atingida ao
tentar detê-lo, Valerie também acaba salvando a vida de uma colega que a
maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que ajudou
a criar. A lista com o nome dos estudantes que praticavam bullying contra os
dois. A lista que ele usou para escolher seus alvos. Agora, ainda se
recuperando do ferimento e do trauma, Val é forçada a enfrentar uma dura
realidade ao voltar para a escola para terminar o Ensino Médio. Assombrada pela
lembrança do namorado, que ainda ama, passando por problemas de relacionamento
com a família, com os ex-amigos e a garota a quem salvou, Val deve enfrentar
seus fantasmas e encontrar seu papel nessa história em que todos são, ao mesmo
tempo, responsáveis e vítimas.
Valerie é uma garota comum e sua vida
está longe de ser perfeita. Seus pais vivem em um conflito diário, negligenciando assim a vida de seus
próprios filhos. Enquanto a sua casa parece não ser um ambiente de paz, a
escola é ainda pior. Um território em que os outros
adolescentes nunca a deixavam em paz, com apelidos e provocações que dia
após dia a tiravam do sério. É quando Val conhece Nick Levil, que se torna um refúgio pra ela. Nick vive a mesma realidade de Valerie. Eles são excluídos pela sua maneira “diferente” de se vestir ou encarar as
coisas. Sofrem bullying por não corresponder a expectativa
das outras pessoas...
"Fiquei caída por ele na hora. Ele tinha aqueles
olhos escuros brilhantes e um sorriso torto, adoravelmente defensivo, que nunca
revelava os dentes. Como eu, ele não fazia parte da galera bacana e, como eu,
não queria fazer." Pg 83.
Como um escape, Val resolve criar a Lista Negra, que trata-se de uma relação das coisas que ela mais odeia no mundo. Quando Nick descobre a lista,
aprova e logo vira o “segredinho” do casal, onde eles adicionam os nomes de
todos os adolescentes do colégio que eles secretamente gostariam que morressem.
Toda essa conversa sobre morte para Val era
apenas uma brincadeira. O que ela não
esperava é que Nick levava tudo muito a sério. E quanto mais o
tempo passava, pior as coisas ficavam na escola [...]
"E foi assim que começou a famosa Lista Negra: como
uma piada. Uma forma de descarregar a frustração. No entanto, ela acabou se
transformando em algo que eu nem imaginava" Pág. 85.
Em um dia Valerie está inflamada de
raiva por conta de mais um dos tantos infortúnios que ela sofreu no ônibus
escolar. Ao contar para Nick, este promete resolver a situação, o que a faz
sentir protegida. Mas ao se aproximar da aluna que provocou Val, Nick
saca um resolver e dispara na mesma, iniciando um massacre com um único
objetivo: Matar todos os adolescentes que eles colocaram na Lista Negra. Depois
de implantar o terror no Colégio de Garvin, Nick comete suicídio. (Aviso de
antemão que todas essas informações não são spoiler, pois constam na sinopse e
logo nas primeiras páginas do livro).
E então, como se essa não fosse a pior parte da sua vida,
ela precisa enfrentar as pessoas que não sabem se ela é vítima, heroína ou
culpada. O Bullying não acabou.
"Mas eu estava errada. Eu era tanto o monstro quanto
a garota triste. Não conseguia separar os dois". Pg 217.
A Lista Negra é um livro incrível. A história é bem sequinha. Não existe muitas surpresas,
mudanças ou reviravoltas. São capítulos pequenos que iniciam-se normalmente com
uma manchete de jornal descrevendo as mortes ou feridos do massacre. O livro
mescla entre o passado e o presente, com flashbacks que nos faz entender cada
detalhe de tudo.
Me senti
o tempo inteiro vivendo aquela realidade, eu não conseguia pensar
que era uma história fictícia, o que tornou tudo muito mais difícil pra mim. Eu me colocava no lugar de cada um deles e pensava “E se fosse comigo, como eu reagiria?”.Os
personagens são muito humanos, a autora não teve medo de explorar o
lado bom ou mau de nenhum deles. É tão doloroso imaginar o que a Valerie passou
que passei o livro inteiro com um nó na garganta. Achei inclusive
que não choraria, mas lá pelas últimas páginas “aquilo” que a Jessica faz me
deixa sem chão e eu não consegui mais segurar as lágrimas. Outra coisa digna de
nota é que eu consegui amar e me compadecer de Nick Levil, pois eu o vi
pelos olhos da Valerie e não me senti horrível por isso... Ele fez o mal,
mas ele não era o mal.
Única coisa que não gostei: No início do livro é
citado um personagem que eu achei que seria a chave pra descobrirmos como se
desencadeou o desejo vingativo do Nick, mas parece que a autora simplesmente se
esqueceu dele e deixou esse espaço vago na história.
Enfim, indico mil vezes esse livro sem restrições, ele te
ajuda a enxergar as pessoas como elas realmente são. Eu devorei as páginas com
uma ansiedade e ao mesmo tempo uma angústia tão grande que muitas vezes perdi o
fôlego e precisei fechar o livro, fechar os olhos e sentir tudo aquilo... É
bonito e é cruel.